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domingo, 14 de setembro de 2014

REDONDILHAS - Por Luis de Camões

Camões 

REDONDILHAS 
UMA CATIVA ÍNDIA CHAMADA BÁRBARA
Aquela cativa 
Que me tem cativo, 
Porque nela vivo, 
Já não quer que viva. 
Eu nunca vi rosa
Em suaves molhos. 
Que para meus olhos
Fosse mais formosa.
.
Nem no campo flores, 
 Nem no céu estrelas
Me parecem bela
 Como os meus amores. 
Rosto singular!  
Olhos sossegados, 
Pretos e cansados, 
mas não de matar. 
.
Uma graça viva, 
Que neles lhe mora, 
Para ser senhora
De quem é cativa.
Pretos os cabelos, 
Onde o povo vão 
Perde opinião
Que os louros são belos. 
.
Pretidão de amor! 
Tão doce a figura
Que a neve lhe jura
Que trocara a cor! 
Leda mansidão, 
Que siso acompanha, 
Bem parece estranha, 
Mas... barbara  não.
.
Presença serena
Que tormenta amansa; 
Nela enfim descansa
Toda minha pena. 
Esta é a cativa  
que me tem cativo; 
E pois nela vivo, 
É força que viva!

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